O que os Cães Pensam

Aquela carinha expressiva e olhinhos que parecem sempre querer dizer algo fazem com que donos de cães se perguntem o que seu bicho de estimação “imagina” quando escuta sua voz. Agora, cientistas interessados em comprender a relação entre o homem e esses animais com base na perspectiva dos cachorros, tentam descobrir utilizando técnicas de escaneamento cerebral, o que pensam nossos amigos caninos. Os pesquisadores divulgaram suas descobertas na revista on-line PLoS ONE.

Levando em conta de que o adestramento de cães pelo exército para desempenhar funções complexas como saltar de helicópteros e aviões é uma prática comum, o neurocientista Gregory Berns, do Centro de Neuropolítica da Universidade Emory, considerou que não seria difícil treinar esses animais para entrar acordados em um tubo de ressonância magnética para que pesquisadores tentassem descobrir o que pensavam.

Berns e seus colegas ensinaram dois cães a ficar completamente imóveis dentro do aparelho: Callie, uma fox terrier de 2 anos, e McKenzie, um border collie de 3, também os treinaram para responder a sinais ­– mão esquerda apontando para baixo significava receber uma recompensa; ambas as mãos direcionadas para a horizontal indicava tratamento neutro. Eles descobriram que, no momento em que os cachorros visualizavam o sinal de gratificação, a região do núcleo caudado (associada a recompensas em seres humanos) mostrava atividade. A mesma área não mostrou alterações quando os cães não viam o sinal do tratamento especial. O vídeo do experimento pode ser acessado no youtube.com.

“Quando observamos os primeiros resultados, notamos que as imagens eram diferentes de qualquer outra obtida em estudos anteriores. Ninguém, até onde eu sei, já havia capturado fotos do cérebro de um cachorro que não estivesse sedado”, diz Berns. Os resultados também indicam que os bichos prestam muita atenção aos sinais humanos.

Os pesquisadores acreditam que a descoberta abre portas para futuros estudos sobre a cognição canina e responde perguntas sobre a profunda ligação afetiva dos seres humanos com os cães. Outro objetivo do estudo é compreender como os animais processam a linguagem e de que maneira as expressões faciais são representadas em sua mente. O amor por essas criaturas de quatro patas tem raízes profundas nos primórdios da evolução humana e Bens acredita que isso pode ter moldado como os nossos ancestrais desenvolveram a linguagem e outras ferramentas da civilização.

“O cérebro do cão revela algo especial sobre como homens e animais se reuniram e a história evolutiva entre ambas as espécies pode fornecer um espelho único da mente humana”, argumenta o neurocientista.

Fonte: uol.com.br

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