Quando o primogênito se sente ameaçado a perder o trono para um novo filhote que chega à casa, o clima pode esquentar! Saiba o que fazer para que ele aceite o recém-chegado.
Um filhote chega ao lar e o dono, feliz da vida e com a melhor das intenções, acha que apresentar os novos amigos será uma tarefa fácil e que o peludo mais velho ficará muito felizem ter um companheiro. Mas, nem sempre a adaptação é simples, e o que deveria ser festa pode causar brigas, ciúmes, doenças e muito estresse para você e os cães. “Antes de optar por trazer um novo filhote para casa, avalie o temperamento de seu próprio cão. Se ele for sociável e acostumado com outros animais, a adaptação será mais tranquila”, opina Malu Araujo, adestradora da Cão Cidadão, que ainda chama a atenção quanto à escolha da raça: “Se você tem um Shih-Tzu, por exemplo, não é indicado que adote um Jack Russel, que é de pequeno porte, mas muito agitado. As raças têm de ser compatíveis.” Além disso, a especialista alerta que, para uma adaptação saudável, saber como apresentar os dois é a melhor forma de evitar estresses e outros problemas, entre eles o famoso xixi no lugar errado como forma de protesto e outras má-criações. “Quando os problemas sérios aparecem, só um especialista poderá ajudar. Então, antes de tudo, informe-se para realizar uma adaptação correta”, completa.
Pensando nisso, elaboramos dicas que vão te ajudar a recebero novo filhote da forma mais indicada pelos profissionais em comportamento animal. Confira!
PREPARE O TERRENO
Antes da chegada do novo filhote, o primeiro passo é preparar o ambiente e o cão mais velho. O especialista em adestramento comportamental Ricardo Nagamine explica: “O ambiente precisa ser calmo para passar tranquilidade aos cães. Uma casinha, uma caminha, água à vontade, ração de boa qualidade e, claro, muito carinho são essenciais para uma boa adaptação.” Prepare o “primogênito” gradativamente: “Brinquedos e paninhos que tenham o cheiro do filhote ajudam o pet a identificar o odor do novo morador. Fazer a apresentação fora de casa, passeando com os dois algumas vezes antes de levar o mais novo para casa, também é uma ótima pedida para avaliar o comportamento do mais velho”, aconselha a veterinária Tassia Rodrigues Haverkamp, da Clínica Médica Geral de Animais de Companhia, em São Paulo-SP. A adestradora da Cão Cidadão concorda e ainda acrescenta: “Se for possível levar o primeiro cachorro no local onde o filhote está antes de introduzi-lo na nova casa, o resultado será melhor ainda!” Tassia também aconselha a telar as janelas e manter qualquer objeto pontiagudo fora do alcance do menor. “O filhote deve ficar em um local isolado e seguro nos primeiros dias, separado do outro peludo, quando não houver supervisão do dono”, orienta Malu. Garanta que ambos tenham espaço suficiente para que se entro sem e que também tenham aquele momento “cada um no seu canto”. “Para ter esse clima tranquilo, compre tudo em dobro para que o cãozinho recém-chegado tenha suas próprias coisinhas”, enfatiza Tassia. Por fim, verifique se as vacinas do filhote estão em dia, se medicações como antiparasitário e vermífugo foram devidamente manipuladas para evitar possíveis transmissões de doenças.
O DIA DO ENCONTRO
À primeira vista, é super normal quando o então reizinho da casa fica desconfiado com a presença do filhote, afinal, alguém novo chegou em seu território de perigo. O conselho é sempre ficar de olhos bem abertos quando os dois se encontrarem, mesmo que o terrenojá tenha sido preparado com antecedência:“Se o mais velho rosnar, manter a cauda baixa e ranger os dentes, redobre a atenção, pois isso é uma demonstração de agressividade e pode resultar em um ataque ao menor. Caso uma dessas reações aconteça, separe os imediatamente para evitar acidentes”, alerta Tassia. Uma dica muito importante, diz Malu, é fazer uma associação positiva com a presença do filhote. “Se o mais velho gosta de brincar de bolinha, brinque com ele no ambiente em que estiver o filhote”, exemplifica a especialista em comportamento. Passado esse primeiro contato sem maiores transtornos, permita que os dois se cheirem para que se conheçam melhor e que o mais velho entenda que aquele filhote não é uma ameaça.
FIQUE DE OLHO PARA QUE NÃO HAJAM BRIGAS
Jamais deixe os animais sem a supervisão de uma pessoa, pois, dependendo da diferença de tamanho entre os cães, a briga pode se tornar mais intensa. “Animais de porte grande não têm noção da força e, mesmo que na brincadeira, podem machucar o outro. Nesses casos, a ajuda de um adestrador pode ser recomendada na hora de colocar os dois bichos frente a frente”, ressalta Tassia. Nessa situação, uma dica, diz Malu, principalmente se o pet mais velho foragressivo (não socializado), é fazer a apresentação com o uso da guia para evitar ataques. “Não prenda o filhote, apenas o outro”, completa. Brigas podem acontecer, e sempre partem do cão mais velho, pois filhotes tentam apenas brincar. Tassia dá um conselho para evitá-las: “Nunca deixe objetos pessoais do outro cão com o novato, principalmente próximo à sua comida, afinal, o novo animal estará extremamente curioso, enquanto o mais velho pode nãogostar da atitude e reagir de forma agressiva”, completa a veterinária. Malu também destaca os cuidados necessários na hora da refeição, momento em que costuma haver brigas: “No começo, deixe-os comer em ambientes separados para que um não roube a comida do outro, principalmente o filhote, que come mais rápido e pode querer roubar o prato do mais velho.” Aliás, a adestradora lembra que essa separação é essencial, pois pode ser um termômetro da aceitação do mais velho: “Se ele estiver se alimentando, significa que está tranquilo coma chegada do novato”, observa.
COMPATIBILIDADE ENTRE OS CÃES
A adaptação depende do temperamento de cada cão. Malu explica que peludos mais agressivos podem demorar até três meses para aceitar o filhote. A diferença de idade também pode interferir. “Cães adultos são mais dominantes, teimosos e não têm aquele pique do filhote para brincar o tempo todo. É comum o mais velho não dar muita bola para o novato”, afirma Ricardo, ao complementar dizendo que o cão menor pode até ficar assustado com as brincadeiras brutas do animal maior, dificultando, assim, o relacionamento entre ambos.
E QUANDO OS GATOS ENTRAM NA HISTÓRIA?
Em se tratando dos nossos felinos, seja na convivência com outros gatos ou com cães, todas as dicas relacionadas até o momento são válidas - desde a preparação do território até a observação do comportamento dos dois. No entanto, Tassia alerta: “Gatos são animais que gostam de ficar sozinhos por natureza, e ter um cachorro filhote na casa deles pode não deixá-los lá muito felizes.” Quando a chegada do novo membro se torna inevitável na vidado bichano, a atenção deve ser redobrada, pois os gatos podem arranhar os olhos do bicho, já que não gostam de ser perturbados, ou até morder, como forma de repressão. Tassia lembra que a convivência deve ser supervisionada para que ninguém saia ferido na história. Contudo, os felinos, assim como os cães, tendem a ignorar e evitar contato com o recém-chegado, mas desde que ele também não faça questão de chamar sua atenção. “Pode ser que aconteça, mas provavelmente eles não serão grandes amigos”, diz.
Fonte: Revista Meu Pet