Quem gosta de viajar e possui um animal de estimação geralmente considera a possibilidade de levar o pet a alguns de seus passeios, especialmente os que envolvem trajetos mais curtos e que podem ser feitos de carro. Alguns desistem por medo de deixar o bichinho muito cansado ou até mesmo de colocar a segurança do pet em risco. Porém, desde que sejam adotados alguns cuidados, viajar na companhia do melhor amigo é, sim, uma opção viável. E que pode se tornar agradável para ambos.
Para começar, é preciso evitar ao máximo que a saída da rotina estresse o bichinho, especialmente se ele não estiver acostumado a andar de carro. Para isso, vale prepará-lo para o passeio algumas semanas antes. “Sugiro que o dono dê voltinhas mais curtas pela cidade com o pet, para que ele se acostume. Ao final, também é uma boa pedida premiá-lo com petiscos ou carinho. Assim, ele vai acabar associando as voltinhas de carro a algo prazeroso”, explica a veterinária Valéria Nobre Leal, professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho).
O Código de Trânsito Brasileiro não contém nenhuma especificação sobre a utilização de cintos no transporte de animais de estimação. Porém, para garantir a segurança do pet e do motorista, que precisa estar concentrado no trajeto para não causar acidentes, os veterinários recomendam que os bichinhos sempre passeiem devidamente acomodados, de modo que fiquem protegidos em caso de colisão.
Cães de porte pequeno podem viajar em caixas transportadoras adequadas ao tamanho ou, ainda, em cadeiras de transporte com cinto de segurança específico. “Gatos se sentem mais seguros em caixas de transporte”, diz a veterinária Tânia Parra, professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Metodista de São Paulo. Nesse caso, vale deixar a caixa aberta em casa dias antes da viagem, em local acessível ao bichano, para que ele se familiarize com o objeto e até sinta vontade de experimentá-lo.
Já os cães de porte médio e grande ficam melhor acomodados em porta-malas abertos, como os de veículos SUV, peruas e vans. O dono pode escolher entre usar o cinto de segurança especial ou adquirir uma caixa de transporte de tamanho adequado. Vale saber que carregar animais nas partes externas do veículo, como caçambas, ou ainda com a cabeça para fora da janela, é considerado infração, além de ser prejudicial à saúde, já que vento em excesso no rosto do cão pode causar inflamação nos ouvidos e ressecar a córnea. Da mesma forma, o motorista que dirigir com o bichinho à sua esquerda ou entre os braços e as pernas poderá ser multado.
Durante o trajeto, o dono também deverá se preocupar em garantir que a temperatura dentro do carro seja agradável, que o pet não receba luz direta do sol e conte com boa ventilação. Em dias de muito calor, o ideal é ligar o ar-condicionado do carro. “Os animais que estiverem dentro de caixas devem ser supervisionados periodicamente, na tentativa de identificar qualquer alteração de comportamento, que pode sinalizar uma condição desfavorável”, diz Tânia. Sempre que possível, programe-se para viajar com os animais nas horas mais frescas do dia e fora dos momentos de maior congestionamento no trânsito, principalmente se o veículo não tiver ar-condicionado.
Paradas para você e para o bichinho
Trajetos longos pedem pausas a cada duas ou três horas, para que os cachorros possam se movimentar, esticar as patinhas, e também fazer suas necessidades fisiológicas. Porém, uma vez que o animal estará num ambiente estranho, o recomendado é que seja mantido com coleira e guia, para evitar fugas.
Durante a parada, é essencial oferecer água ao animal. “Só é preciso cuidar para que ele não beba uma quantidade muito grande de água de uma só vez, o que aumenta a incidência de náuseas e vômitos”, alerta Valéria.
Os gatos já não aceitam tão bem as coleiras e se assustam facilmente com ruídos e movimentos. Por isso, se a viagem for curta, mantê-los na caixa de transporte não é má ideia. “Não aconselho viagens longas de carro com gatos. O animal se estressa menos ficando em hospedagem especializada ou sob os cuidados de um cat sitter em sua própria residência”, orienta a veterinária da Universidade Metodista de São Paulo.
Em viagens de até 12 horas, os pets não devem ser alimentados nas três horas que antecedem a partida nem durante o trajeto, para evitar enjoos. E ainda que o bichinho esteja acostumado com a estrada e não sofra de náuseas e vômitos, a recomendação é oferecer uma quantidade menor do que o habitual de alimento, antes da viagem, até para não estimular a defecação. Então, quando chegarem ao destino, o pet poderá ser convidado a terminar a sua refeição, já devidamente instalado.
Veterinário antes, férias depois
Donos que levam seus bichinhos ao veterinário frequentemente não precisam marcar consulta antes de uma viagem curta. Mas, no caso de viagens longas, para áreas distantes, vale a pena conferir as orientações do médico. Ele não só checará o estado de saúde do animal, como também poderá transmitir ao dono informações importantes sobre como manter o bichinho protegido, por exemplo, de pulgas e carrapatos, que são transmissores de doenças. As orientações do médico serão diferentes dependendo do destino. “Alguns locais são considerados áreas endêmicas de determinadas doenças, como a dirofilariose canina, doença que causa insuficiência cardíaca em cães, e a leishmaniose. Por isso, se já estiver decidido que o animal irá a um desses locais, é importante reforçar as formas de prevenção”, explica Tânia Parra.
A carteira de vacinação do animal também deverá ser atualizada, caso ainda esteja faltando fazer alguma imunização importante. Isso porque, como explica a veterinária da Unesp, em um novo ambiente, haverá a possibilidade de contato com outros animais e áreas com vírus e bactérias diferentes dos que o animal está acostumado. “A vacinação contra raiva animal é exigida tanto para cães quanto para gatos”, diz Valéria.
Além disso, vale lembrar que o animal também vai precisar de uma mala, onde estejam todos os objetos que costuma usar na rotina, como comedouro, bebedouro, caminha, caixinha com areia, cobertor, coleira, guia, comida, petiscos, toalha e brinquedos. Carteira de vacinação e medicamentos de uso contínuo também não podem ser esquecidos.
Outras espécies
Animais roedores, como porquinho-da-índia e hamster, e aves são espécies ainda mais sensíveis a ambientes estranhos e ao calor. Por isso, garantir condições adequadas de ventilação, temperatura e umidade é imprescindível para transportá-los em segurança. “O recomendado é utilizar as próprias gaiolas para levá-los de um local a outro. Elas devem estar abastecidas com água, alimento e forradas, para que os bichinhos possam fazer suas necessidades como de costume”, afirma a veterinária Aline Gisele de Arenare, da franquia Pet Center Marginal. Como cuidado adicional, é importante verificar se não há objetos soltos dentro da gaiola, que podem ferir o pet enquanto o carro se movimenta.
Fonte: UOL
http://viagem.uol.com.br/guia/roteiros/nacionais/saiba-como-transportar-seu-pet-com-conforto-e-seguranca-em-viagens-de-carro/index.htm